Segundo a FAO-ONU, o mundo tem um
grande desafio pela frente. Produzir alimentos para 9 bilhões de pessoas até
2050 e, ao mesmo tempo, ser sustentável. Unidos, podemos conquistar esse objetivo:
alimentar e preservar o planeta. Mas isso só é possível quando consideramos a
utilização da irrigação na agricultura e entendemos o seu papel.
Neste ano, diante da gravidade da
crise hídrica que vive o país, a população urbana, por falta de conhecimento,
acabou condenando a irrigação agrícola como uma grande vilã. Entretanto, é
fundamental que a sociedade saiba que, sem áreas irrigadas, não há como fazer
crescer a produção, principalmente sem aumentar as áreas de cultivo. Só podemos
fazer mais com o mesmo (ou menos) usando irrigação.
Além disso, o desenvolvimento técnico
dos equipamentos nos últimos anos comprova ser possível utilizar água na
agricultura com racionalidade e sem desperdício. Em diversos debates no Brasil
e no mundo sobre o gerenciamento dos recursos hídricos, foi demonstrado que a
irrigação é um instrumento efetivo no auxílio na produção de alimentos que a
futura e crescente população mundial irá demandar. O que podemos discutir, a
partir daí, é a eficiência de aplicação hídrica para cada cultura. Imaginar o
mundo sem irrigação seria aceitarmos falta de alimento, pessoas passando fome e
aumento nos preços.
O que a população urbana precisa
entender é que água na irrigação não é consumida, é utilizada dentro do melhor
ciclo hidrológico possível e que os equipamentos de irrigação, são como a
torneira dentro de casa, bem utilizados, não desperdiçam sequer uma gota de
água e, o mais importante, é que a grande maioria dos irrigantes brasileiros
tem essa consciência e usam seus equipamentos de maneira adequada e
sustentável, ou seja, aplicam somente a quantidade de água que a planta precisa
e, em alguns casos, até menos trabalhando no limite do stress hídrico de cada
cultura. Voltando a comparação com a água consumida em casa, a agricultura usa
bem suas torneiras, e a água utilizada, além de produzir alimentos, volta ao
ciclo hidrológico devidamente filtrada, sem a necessidade de tratamento.
Um diferencial é a utilização das
boas práticas de manejo agrícola. Com elas, é possível racionalizar a água
utilizada nas fazendas. Essa racionalização depende das culturas nas quais
serão utilizadas com irrigação, e passa, também, pelos métodos utilizados para
tal. É importante usufruir da infraestrutura e tecnologias já disponíveis
no mercado, para utilizar somente a quantidade de água que a cultura necessita
ou até menos.
A irrigação por pivôs, por exemplo, é
uma alternativa econômica e rentável, que aplica a água de maneira uniforme,
evitando o desperdício. A água é aplicada na hora certa e na exata quantidade
que a planta necessita. Tanto o pivô central quanto outros métodos de irrigação
têm excelentes níveis de eficiência de aplicação, alcançando índices que variam
entre 95% a 98%.
O foco profissional do setor, desta
forma, deve recair sobre um triângulo agronômico de eficiência na produção
(fazer mais com menos), atender à planta em sua necessidade hídrica e escolher
o método adequado de irrigação. Entendendo esse processo, é incorreta atribuir
ao agronegócio e à irrigação a vilania da crise hídrica nacional.
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