sexta-feira, 15 de abril de 2016

Agricultura ainda é caso raro de sucesso na economia do Brasil

O Brasil está sendo golpeado por uma profunda recessão, uma crise política e a epidemia do vírus zika, mas numa área o país continua sendo uma potência mundial: a agricultura. Neste ano, o Brasil deve registrar uma safra recorde de soja e uma quase recorde de milho, segundo projeções da Companhia Nacional de Abastecimento, a Conab, divulgadas na semana passada. Os produtores brasileiros também parecem prontos para alcançar safras recorde de café e cana-de-açúcar em 2016, enquanto os criadores de gado, frango e porco anteveem novos aumentos nas exportações.

As abundantes colheitas e os numerosos rebanhos são um raro ponto positivo na economia brasileira, que em 2015 apresentou sua maior contração nos últimos 35 anos e deve encolher mais 3,7% em 2016.
A agricultura foi o único setor do Brasil que se expandiu no ano passado, em 1,8%, ao passo que o produto interno bruto recuou 3,8%.
'O mundo todo tem que comer e o Brasil está se sustentando com a agricultura', diz Edimilson Calegari, gerente-geral da Cooperativa dos Cafeicultores de São Gabriel, a Cooabriel, no Espírito Santo. 'Nossas lavouras e fazendas de gado são o que mantiveram a economia funcionando durante esses três anos ruins.'
A forte desvalorização do real no ano passado - 30% em relação ao dólar - deu impulso às exportações e mais do que compensou a queda nos preços das commodities. Isso ajudou a aumentar as reservas em moeda estrangeira e a reduzir o déficit em conta corrente do Brasil.
Normalmente, seria de se esperar que as previsões de safras volumosas neste ano pudessem empurrar para baixo os preços das commodities, reduzindo os ganhos dos produtores brasileiros.
Até agora, porém, os preços da soja, do açúcar e do café arábica estão todos subindo neste ano devido a uma variedade de fatores, incluindo preocupações com as condições meteorológicas em outros países produtores de commodities.
O real se valorizou ante o dólar recentemente, acumulando uma alta em torno de 10% desde 22 de janeiro. Mas, numa tentativa de ajudar os exportadores, o Banco Central vem intervindo no mercado de câmbio, com a meta, segundo analistas, de impedir que o dólar caia abaixo de R$ 3,60.
Isso é uma boa notícia para os agricultores, cujos produtos continuam mais baratos que os de seus pares nos Estados Unidos e na Europa.
'O Brasil ficou muito mais competitivo no ano passado por causa do real mais fraco, e isso realmente ajudou a aumentar as exportações' e os ganhos dos produtores, diz Natália Orlovicin, analistas da INTL FCStone, firma americana de serviços financeiros.
A agricultura oferece um exemplo raro de um setor globalmente competitivo no Brasil. A manufatura do país, em grande parte ineficiente, ainda é altamente protegida por tarifas e impostos de importação, mas o governo seguiu uma estratégia diferente com a agricultura.
A partir dos anos 90, o Brasil reduziu subsídios agrícolas e eliminou impostos de exportação, enquanto ampliava o investimento na pesquisa agrícola. Os produtores responderam com uma rápida expansão da área cultivada e uma onda de investimentos que os colocou entre os agricultores mais produtivos e mais eficientes do mundo.
O poder de influência da agricultura na economia brasileira ficou em destaque neste ano, quando a presidente Dilma Rousseff cogitou reintroduzir um imposto sobre exportações agrícolas para ajudar a reduzir o enorme déficit no orçamento do governo.
A influente Confederação Nacional da Agricultura (CNA) condenou imediatamente a proposta. A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, ela mesma uma pecuarista e ex-presidente da confederação, também se opôs à iniciativa, que parece ter sido discretamente descartada.
Há apenas alguns anos, quando os preços das commodities estavam altos e a China comprava grandes quantidades de minério de ferro do Brasil, a commodity era a campeã das exportações brasileiras. As vendas externas do minério alcançaram o recorde de US$ 41,8 bilhões em 2011, mas despencaram para US$ 14,1 bilhões no ano passado.
Enquanto isso, o total das exportações de soja e produtos à base de soja subiram de US$ 23,9 bilhões em 2011 para US$ 31,3 bilhões em 2014. Embora as vendas tenham recuado para US$ 27,9 bilhões no ano passado, a soja ainda superou o minério de ferro no valor das exportações.
'Os produtos de soja são a locomotiva' do setor agrícola do Brasil, diz Endrigo Dalcin, presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso, a Aprosoja-MT. 'Foi o que salvou nossa balança comercial no ano passado e, neste ano, acho que vai chegar a um novo recorde de exportações.'
Porém, apesar da força da agricultura brasileira, ela enfrenta muitos desafios. Entre eles estão estradas deficientes, falta de ferrovias e portos sobrecarregados, o que prejudica o fluxo dos produtos até o mercado.
O custo de transportar a soja da região produtora do Cerrado para o porto de Santos é perto do quádruplo do que os produtores do Estado americano de Illinois, por exemplo, gastam para enviar sua soja para o porto de Nova Orleans, segundo a Aprosoja-MT.
E, embora o real esteja estimulando as exportações, o governo não tem feito o suficiente para ajudar o setor agrícola e o restante da economia, diz Mario Lanznaster, um criador de porcos de 75 anos que vende 36 mil cabeças anualmente em sua fazenda próxima a Chapecó, em Santa Catarina.
Lanznaster gostaria que o governo construísse uma ferrovia para ajudá-lo a transportar do interior do país o milho que serve de ração para os porcos e frango que cria. A ferrovia cortaria custos e tornaria ainda mais baratos os animais que ele vende no Brasil e no exterior.
'Não há dúvida de que o real desvalorizado nos ajuda, nos torna mais competitivos', diz ele. 'Mas os brasileiros também têm que comer. Precisamos fazer a economia crescer de novo, criar mais empregos para que as pessoas aqui possam comer mais e melhor.' 

Fonte: The Wall Street Journal

quinta-feira, 7 de abril de 2016


Vejam os estudos feitos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sobre o levantamento da safra brasileira de grãos 2015/2016, concluídos em abril do presente ano. Os dados do Estado do Rio Grande do Norte estão inseridos no primoroso trabalho. É só clicar a seguir.
http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/16_04_07_10_39_11_boletim_graos_abril_2016.pdf

terça-feira, 5 de abril de 2016

Exportações brasileiras de amêndoas de castanha-de-caju em queda


Por conta da redução da safra brasileira de castanha-de-caju, causada pelas fortes estiagens, as exportações de amêndoas de castanha-de-caju decrescem a cada ano. O quadro abaixo mostra muito bem a evolução negativa das vendas externas das amêndoas, com destaque para o período de 2007 a 2015.

 

CASTANHA DE CAJU
EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS
ANO
Quant.
Valor
(t)
US$1000FOB
 
 
1993
31.170
119.896
1994
23.079
109.200
1995
31.977
147.236
1996
36.222
167.508
1997
36.349
156.917
1998
31.882
142.575
1999
24.101
142.124
2000
33.588
165.059
2001
29.356
112.251
2002
30.116
105.141
2003
41.571
143.770
2004
47.442
186.383
2005
41.857
187.133
2006
43.231
187.538
2007
51.556
225.195
2008
35.410
196.061
2009
47.760
231.681
2010
42.175
229.572
2011
26.302
226.658
2012
25.334
185.691
2013
20.964
134.169
2014
17.023
110.296
2015
12.957
102.720
Jan-Fev/16
2.374
19.598
FONTE: SECEX

 

segunda-feira, 4 de abril de 2016

A importância da palma

A palma, uma espécie de cacto usado no Brasil na alimentação de animais na região semiárida, foi o tema de um encontro em Brasília entre representantes da embaixada do México e técnicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Os mexicanos apresentaram o grande potencial de exploração da espécie - conhecida entre eles como nopal. No país, a planta é usada na restauração de solos, medicina, alimentação animal, cosmética e também na culinária.
Durante o encontro, a embaixada serviu aos participantes um almoço com receitas à base da planta. No cardápio, nopal refogado no alho, ceviche de peixe com nopal, salada, nopal com queijo, sopa de verdura com nopal, e bolinho de camarão seco com nopal. De sobremesa, bolo, doce de nopal com mel e rapadura e gelatina de nopal.

A embaixadora do México no Brasil, Beatriz Paredes Rangel, disse que os especialistas mexicanos podem contribuir muito para as pesquisas da Embrapa. ”Queremos mostrar ao Brasil que é possível produzir nopal para complementar a nutrição da população, principalmente do Nordeste”.

A palma, do gênero Opuntia, é encontrada desde a Patagônia até os Estados Unidos da América. No México, há mais de 80 mil hectares plantados para abastecer o mercado de frutas e hortaliças. Já no Brasil, a área cultivada chega a 40 mil hectares destinados à produção de forrageira.

A diretora de administração e finanças da Embrapa, Vânia Castiglioni, explica que as pesquisas no Brasil ainda estão voltadas para ampliar a área de forragem, mas que a parceria com o México pode contribuir para a introdução novas utilidades, como na culinária. “A questão de hábito alimentar é algo que vem com o tempo, a gente não consegue introduzir tão rapidamente, no entanto, temos tudo para promover o fortalecimento dessa rede de pesquisa”.

A maior vantagem do nopal, na agricultura, é a sua adaptação em regiões com pouca disponibilidade de água e temperaturas extremas. Suas raízes superficiais captam a água da chuva e se acumulam nas folhas. Tanto o fruto como o talo da planta são fontes de fibra, minerais e vitamina C. De acordo com o pesquisador mexicano, Fidel Lara, a palma possui propriedades antioxidantes, anticancerígenas, antiinflamatórias e antivirais. “Muitas comunidades do México vivem dessa espécie por causa do baixo custo de produção e rentabilidade”, ressaltou.

O diretor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Mário Antônio Pereira Barbosa, conta que já existem algumas iniciativas para o uso da palma na culinária e cosméticos no Nordeste, apesar de ainda não fazer parte da cultura brasileira. “Algumas comunidades do Nordeste iniciaram um trabalho em 2007 em que utilizam a palma para cosméticos e culinária. Escolas rurais já ensinam as crianças a utilizar a planta para fazer suco e outras receitas. Essa integração entre o Mapa, Embrapa e México traz uma nova perspectiva ao nosso semiárido na questão da diversificação do uso da palma”, ressaltou.

Publicado pela CNA.

quinta-feira, 3 de março de 2016

Conab lança livro histórico do cultivo de arroz

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) acaba de lançar o livro A Cultura do Arroz, com temas ligados à engenharia de alimentos, nutrição, estatística, logística, agronomia e economia deste produto, que é o cereal de maior consumo no mundo e tem forte influência nos hábitos alimentares da população brasileira.
Organizada em quatro partes, a publicação traz inicialmente aspectos nutricionais e alimentícios do cereal, com histórico, formas de consumo e o processo de pós-colheita, passando por formas de industrialização e padrões de comercialização. Numa etapa seguinte, destaca a produção realizada nos diversos estados, abordando os sistemas típicos de plantio, a potencialidade das áreas, produtividade e principais cultivares, pragas e doenças, entre outros.
A questão da armazenagem é outra preocupação do estudo. A pesquisa situa as condições oferecidas pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso que são responsáveis por 85% do arroz produzido no país. Faz, por exemplo, o comparativo da capacidade estática com a produção e a caracterização dos equipamentos de armazenagem localizados nas microrregiões produtoras.
Artigo especial sobre o arroz, sobretudo o vermelho do Rio Grande do Norte, de nossa autoria, faz parte do livro.
A publicação A Cultura do Arroz poderá ser acessada na página eletrônica da Companhia (www.conab.gov.br), e ainda, diretamente pelo link: http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/16_03_01_16_56_00_a_cultura_do_arroz_-_conab.pdf

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Preços das hortaliças em alta

As principais hortaliças comercializadas nas centrais de abastecimento (Ceasas) no país apresentaram alta nos preços. É o que revela o 2º Boletim Prohort de Comercialização de Hortigranjeiros nas Ceasas em 2016, divulgado nesta terça-feira (23) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Este comportamento já é esperado para o período e reflete a menor oferta dos produtos, provocada em grande parte, pelas condições climáticas mais desfavoráveis para produção de hortaliças. O estudo avalia os valores praticados em janeiro deste ano.

Entre os produtos analisados, tiveram maior destaque cenoura e tomate que registraram as maiores elevações. A menor alta da cenoura foi verificada no Rio de Janeiro, com percentual de 14,5%, enquanto a maior em Campinas, chegando a 65%. O plantio e a colheita do produto no Sul do país foram afetados pela incidência de chuvas, diminuindo a oferta do produto no mercado interno. Já o tomate chegou a registrar alta de 84,6% no Rio de Janeiro e de 70,5% no Espírito Santo. No entanto, para fevereiro a tendência é que os preços comecem a se acomodar, uma vez que os valores remuneradores do produto e a diminuição das chuvas incentivem uma maior produção da cultura, aumentando a oferta de tomate.
 

Também acompanharam o movimento de alta, devido as constantes chuvas, batata, registrando elevação de 20,5% em Campinas, alface com índice chegando a 37,2% em São Paulo, e cebola com acréscimo de 34% em Vitória. 

Frutas - O aumento dos custos de produção registrados em 2015 tem preocupado o setor de maneira geral. Caso este movimento se mantenha, o cultivo de determinados produtos pode ser limitado, provocando reduções de área ou migração para outras culturas mais atrativas. Além disso, as altas temperaturas e a restrição de irrigação provocam baixa produtividade ocasionando tendência de alta para os próximos meses. A elevação do dólar continua favorecendo as exportações, também causando impacto na oferta das frutas no mercado interno.

A banana registrou a maior alta no Rio de Janeiro, com 33,8%, e a principal queda foi verificada no Paraná, chegando a 15%. As chuvas ocorridas no final do ano passado e início de 2016 ajudaram a alavancar a produtividade em algumas regiões. No entanto, o prosseguimento das precipitações em determinadas áreas produtoras afetou a produtividade e a qualidade do produto. 

As condições climáticas também influenciaram na comercialização da melancia, uma vez que a safra que abastece o mercado atualmente está localizada no Sul do país, pressionando os valores comercializados. Já o mercado de São Paulo registrou queda nos preços, devido a entrada da safra de alguns municípios do próprio estado que conseguiu atender a demanda interna. 

A maior alta do mamão foi verificada no Espírito Santo. As altas temperaturas e o pouco volume de chuvas no estado capixaba impactaram na produtividade da safra, diminuindo a oferta do produto na região. Algumas centrais de abastecimento, no entanto, apresentaram maior oferta do produto devido a produção baiana, pressionando para baixo os preços, como ocorreu em Fortaleza.

Já a laranja apresentou desenvolvimento acelerado em meio às chuvas constantes, ocasionando a colheita intensa e antecipada nos meses de dezembro e janeiro. Todavia, esse crescimento acelerado faz com que o produto fique fora do padrão do mercado atacadista in natura, sendo absorvido pela indústria, havendo assim redução na oferta do produto em praticamente todos os entrepostos. A fruta registrou queda de preços de 9,6% em São Paulo e alta de 28,5% no Paraná.

A maçã foi a única fruta a apresentar um comportamento uniforme nos preços, com alta em todos os entrepostos pesquisados. Esse aumento nas cotações é reflexo dos altos custos necessários à manutenção da fruta. Além disso, intempéries climáticas ocorridas durante o período de desenvolvimento e maturação da maçã resultam em uma menor disponibilidade do produto nos mercados.

Comercialização - Neste mês, o estudo também traz a comercialização dos hortigranjeiros realizada em 2015. Ao longo do ano, foram ofertados 15,8 milhões de quilos de produtos hortigranjeiros nas centrais de abastecimento em todo o país, movimentando mais de R$ 30 bilhões. A quantidade comercializada apresenta uma queda de 2,1% em relação a 2014, mas houve um aumento de 4,6% no valor transacionado. Esta queda no quantitativo pode ser explicada pelas questões climáticas registradas no ano passado, além da restrição da irrigação e do aumento no custo dos insumos, o que impacta na oferta e, conseqüentemente, no aumento dos preços dos produtos. 

O levantamento é feito nos mercados atacadistas, por meio do Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortigranjeiro (Prohort), executado pela Conab, e considera a maioria dos entrepostos localizados nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná e no Ceará.

Fonte e texto:  Gerência de Imprensa da Conab.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Preços dos alimentos no RN em alta e a oferta em baixa

O período é de final de entressafra para muitos produtos agrícolas cultivados no Estado do Rio Grande do Norte. A agricultura do semiárido potiguar vem sofrendo há 4 (quatro) anos por causa das secas - chuvas escassas, irregulares e abaixo da média tolerável. O RN importa de outros estados inúmeros produtos agrícolas. Somos autossuficiente somente em alguns produtos: farinha de mandioca, feijão e milho verde, batata doce, arroz vermelho, melão e outros produtos da hortifruticultura. Precisamos reverter esse quadro. Temos espaço para aumentar a nossa produção de alimentos. Ficar somente esperando por ações e programas governamentais não resolve o problema de escassez de produtos oriundos da agropecuária.