quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Está faltando água no Brasil!

O blog vem há anos alertando as autoridades e gestores públicos do Rio Grande do Norte sobre o uso inadequado e da escassez de água agravada, ainda mais pelas sucessivas secas na região do semiárido. Parece que o assunto ainda não ecoou como alerta para os administradores públicos. Por razões óbvias, reproduzimos o artigo da Professora Ana Maria Jara Botton Faria, Doctor of Business Administration – PHD - Mestre em Direito Econômico e Socioambiental, Procuradora Municipal e Professora Universitária.

“A escassez dos recursos hídricos será o motivo das futuras disputas entre as nações”. “O mundo vai sofrer com a falta de água potável”. “A água para o uso humano ficará cada vez mais escassa e mais cara”. Quantas vezes nos últimos anos tais frases foram pronunciadas, escritas, lidas, porém tais situações sequer eram cogitadas no Brasil o “país das águas”.
Infelizmente tais manchetes hoje também são aplicadas ao cotidiano dos brasileiros, de forma mais aguda para os moradores da Grande São Paulo, algo em torno de 55% da Região Metropolitana do Estado de São Paulo, que é abastecida pelo Sistema Cantareira.
Culpam as poucas chuvas do período pela redução do volume de água do reservatório, mas esquecem de informar que não basta chover nas cidades. Para que o volume de água das represas seja mantido, necessário que a chuva ocorra nas nascentes e na região onde são represadas, mas também é imprescindível que tais áreas contenham vegetação, responsável pela forma adequada de armazenamento das águas.
A redução da vegetação, em especial na Amazônia, afeta diversas regiões brasileiras, com a modificação da quantidade de umidade temos a redução do volume das chuvas contínuas e mais fracas, características essenciais para viabilizar a recarga dos reservatórios, das águas superficiais e também das águas subterrâneas.
As chuvas atuais são caracterizadas pela violência, pelo volume excessivo em curto espaço de tempo, os temidos temporais. O fluxo de águas que circula pelo ar é chamado pelo cientista de “rios-voadores”, cada vez mais prejudicados pelo crescente desmatamento e influenciam de forma direta formação das chuvas.
Outro problema que agrava muito a situação atual de diversos reservatórios é a quantidade de água desperdiçada antes mesmo de chegar para o consumidor. O Instituto Trata Brasil informou que no ano de 2012 só a cidade de São Paulo “jogou fora” 36,3% da água tratada, a pesquisa indica que quase todas as capitais padecem do mesmo problema. Tais perdas decorrem de vazamento, ligações clandestinas, falta de manutenção de alguns pontos de abastecimento e outros similares.
Tais situações agravadas pelo uso irresponsável de alguns usuários, somando com a crescente poluição, com os problemas decorrentes dos depósitos inadequados para os resíduos sólidos, refletem de modo direto na qualidade e na quantidade disponível dos recursos hídricos, indicando a necessidade urgente de um prévio planejamento para a gestão dos recursos hídricos.
Legislação pertinente ao tema o Brasil já possui, dentre elas pode-se mencionar: A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente; Lei da Politica Nacional dos Recursos Hídricos, Lei da Política Nacional do Saneamento, Lei da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, Lei Proteção da Vegetação Nativa e muitas outras.

Necessário, portanto que o Poder Público faça a sua parte efetue de forma prévia um planejamento racional e consciente prevendo as ações, projetos e obras necessárias para a garantia de abastecimento da água potável, de forma transparente e clara, contando com a devida participação da sociedade como um todo, parte diretamente interessada, que também tem um papel importante na conservação dos recursos hídricos. Somente com a cooperação e atitudes conjugadas é que será possível mudarmos as manchetes atuais, espantando o perigo da escassez da água em todas as regiões do Brasil.

Precisamos redefinir a metodologia e o conceito sobre o uso da água, principalmente no semiárido nordestino!

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