Os resultados da primeira colheita dos experimentos de café arábica
desenvolvido pela Embrapa Rondônia – instituição
participante do Consórcio Pesquisa Café, coordenado
pela Embrapa
Café - especialmente para a região Amazônica superaram as
expectativas. Alguns materiais alcançaram produtividade acima de 30 sacas por
hectare nas áreas experimentais instaladas em municípios dos estados de
Rondônia e Acre. Segundo o pesquisador da Embrapa Rondônia, Alexsandro
Teixeira, são resultados excelentes para uma primeira safra de produção, acima
da média nacional, que é de 22 sacas/ha. "A pesquisa com café arábica tem
importância para a região, pois atende grande demanda, uma vez que todo o café
desse tipo consumido no Norte do País é oriundo de outras regiões produtoras,
como Minas Gerais e São Paulo", explica o pesquisador.
Já são dez anos de pesquisas em melhoramento genético para o café
arábica desenvolvidas pela Embrapa Rondônia. O processo de seleção de plantas
ainda está em andamento, pois é necessária a coleta de dados de mais três
safras de produção para finalizar a pesquisa. Para Teixeira, esse resultado
inicial já demonstra o potencial do café arábica para a região. "Estamos
satisfeitos com os resultados do trabalho e a previsão é de, em 2018, estar com
uma cultivar de café arábica recomendada para a Amazônia", comenta o
pesquisador.
Com os resultados dessa pesquisa, busca-se viabilizar a produção de café
arábica na Amazônia para suprir a demanda desse tipo de grão na região, tanto
para produção de cafés especiais ou gourmets como na utilização em blends,
que é a mistura de grãos de cafés arábica e canéfora (conilon e robusta). Além
da demanda, o cultivo também pode ser beneficiado pelas extensas áreas planas
distribuídas por toda a região, viabilizando a colheita mecanizada e reduzindo
significativamente custos de produção.
O pesquisador explica que, na escala da Associação Americana de Cafés
Especiais (SCAA), padrão internacional para classificação da qualidade de
bebida, alguns materiais de café arábica dessa primeira colheita ultrapassaram
80 pontos, numa escala de 0 a 100, que é um valor comparado ao de cafés
especiais. As bebidas produzidas com a cultivar de café arábica em teste
demonstraram um padrão de corpo acentuado, cremoso, baixa acidez e sabores que
remetem ao caramelo e chocolates. Participantes de eventos realizados no Estado
de Rondônia também receberam amostras desse café e elogiaram a bebida como de
sabor suave e aroma marcante.
O desenvolvimento da nova cultivar - No início de 2005,
Embrapa Rondônia e Embrapa Café, em parceria com o Instituto Agronômico de
Campinas (IAC) e a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig),
deram início às pesquisas de melhoramento genético da espécie Coffea
arabica L. nas condições climáticas da Amazônia. O objetivo foi
avaliar e selecionar genótipos de café arábica nas condições de baixas
altitudes e temperaturas elevadas.
As principais características buscadas durante o processo seletivo foram
a produtividade e o ciclo de maturação tardio. Ao longo dos anos, observou-se
que o café arábica amadurece mais cedo em regiões de climas quentes, o que,
para as condições amazônicas, coincide com as altas precipitações dos meses de
fevereiro a março, dificultando a secagem dos frutos.
As cultivares de café arábica disponíveis atualmente são adaptadas às
regiões de altitudes elevadas e temperaturas amenas, com médias anuais entre 18
a 23ºC, ao contrário do que ocorre na Amazônia Ocidental, onde são verificadas
baixas altitudes e temperaturas médias elevadas, em torno de 25º a 27º C,
durante todo o ano. Temperaturas acima de 23ºC provocam crescimento e
desenvolvimento acelerado dos frutos (ciclo precoce), o que, em determinadas
situações, pode ocasionar a perda de qualidade dos grãos. Outro fato
prejudicial é a combinação de temperaturas elevadas e alta umidade do ar
durante o florescimento, ocasionando o abortamento excessivo de flores.
O café arábica em Rondônia
Rondônia é hoje o quinto maior produtor de café do Brasil e o segundo da
espécie canéfora (conilon e robusta). Todo o café arábica consumido nos estados
da região Norte são provenientes de Minas Gerais e São Paulo. As primeiras
estimativas para a safra 2014/15 em Rondônia demonstram uma área plantada de 87
mil hectares de lavouras de café canéfora em produção, com uma estimativa de
safra próxima a 1,86 milhão de sacas de café canéfora (Conab, 2015). Comparado
ao ano anterior, a produtividade média saltou de 17,18 sacas/ha para 21,18
sacas/ha, ou seja, um incremento de 23%.
Esses resultados são provenientes da adoção de novas tecnologias de manejo,
de mudas clonais, adubação e irrigação. O acesso dos cafeicultores às novas
tecnologias potencializa o cultivo do café arábica na região, já que é uma
espécie que requer maiores cuidados e, devido ao período de seca prolongado
coincidir com o verão amazônico, a produção só é viável com uso da irrigação.
Isso justificou a substituição das primeiras lavouras de café arábica,
implantadas em Rondônia na década de 1970, por novas lavouras de café canéfora
– mais rústicas e produtivas. Com olhar no futuro e foco nos potenciais da
região, as pesquisas realizadas pela Embrapa Rondônia têm demonstrado que, além
do potencial e viabilidade, o café arábica pode se tornar interessante social e
economicamente, pois, assim como em outras grandes regiões produtoras do País,
pode-se produzir arábica na Amazônia em quantidade e, principalmente, com
qualidade.
Quanto ao sabor, vale destacar que os grãos de café arábica proporcionam
uma bebida com sabor e aroma suaves e adocicados, com maiores teores de acidez.
Já o café canéfora resulta em uma bebida neutra, com sabor e aroma forte e
marcante. Essas diferenças fazem com que o arábica seja mais valorizado pelo
mercado, principalmente quando se trata de cafés especiais ou gourmets,
que podem alcançar maior valor agregado quando a produção dos grãos está
relacionada à sustentabilidade e ao comércio justo (fairtrade).
Para saber mais informações sobre a Embrapa Rondônia, a Embrapa Café e o
Consórcio Pesquisa Café, acesse: https://www.embrapa.br/rondonia https://www.embrapa.br/cafe
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