A
cadeia produtiva brasileira da carnaúba está basicamente concentrada nos
estados do Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte. A atividade extrativista da
carnaúba continua com características primárias em seu processo produtivo. O
setor que, durante a década de 70, teve o auge da produção, permanece sendo
explorado por agricultores rurais (arrendatários de áreas de carnaubais) de baixa
renda, com reduzidos investimentos em evolução tecnológica, impedindo assim, o
contínuo aumento da produção de pó cerífero e da cera. Além disso, há anos que
grande parte das áreas dos carnaubais vem sendo substituída pelas atividades da
cerâmica, fruticultura, carcinicultura, dentre outras. Portanto, a exploração
continua sendo na base do extrativismo e sem perspectivas de aumento de áreas
com carnaubais.
Por conta
disso, nos últimos 10 (dez) anos, a produção nacional de cera de carnaúba não
teve alterações significativas, pelo contrário, a safra vem sendo menor a cada
ano. A maior participação em termos de quantidades produzidas e do estado do
Ceará, que responde por mais de 50% do total. A demanda externa absorve mais de
80% da safra. O restante vai para o consumo interno.
O
estado do Ceará se destaca como o maior produtor e exportador brasileiro de
cera de carnaúba. Isto é devido à concentração de um maior número de indústrias
de processamento e tradicionais empresas exportadoras, e ainda, em face das
favoráveis condições portuárias, já que a maioria das exportações do produto
originário de outros estados sai de seus portos, o que contabiliza grandes
números para o Ceará.
O
estado do Piauí é o maior produtor nacional de pó cerífero. Entretanto, a maior
parte da produção dessa matéria-prima é escoada para o estado do Ceará, onde é
feito o beneficiamento da cera. O Rio Grande do Norte fica como intermediário,
cuja produção de pó e cera de carnaúba tem sua importância econômica, já que
85% da sua produção (cera) vão para o mercado externo.
O pó
cerífero, principal matéria-prima para o beneficiamento da cera, quando é
extraído da parte central das folhas novas da carnaubeira, é denominado de “pó
de olho” ou pó tipo A, que produz a cera clara, de cor amarelo-ouro, com
valores comerciais elevados. Já o “pó de palha” ou pó tipo B é extraído de toda
a extensão das folhas, produzindo a cera gorda, com coloração
amarelo-alaranjada ou preta.
As
folhas (fibras ou palhas) da carnaúba, cujo corte é realizado durante o período
da safra, que vai de julho até dezembro de cada ano, produzem o pó cerífero
que, industrializado, é transformado em cera, com inúmeras aplicações
econômicas. Além disso, a fibra (palha) vem se constituindo como uma importante
matéria-prima para a consolidação do mercado de produtos artesanais e outros
fins, inclusive com eficiência na confecção de material isolante utilizado pela
Petrobras no revestimento dos dutos condutores de vapor, protegendo-os dos
agentes naturais (sol, chuva e vento).
Já a
cera de carnaúba participa na formulação dos diversos produtos feitos pelas
indústrias farmacêuticas, cosméticas, fonográficas, de informática e na
fabricação de produtos de limpeza, entre outros empregos industriais.
Embora
a cadeia econômica da produção de cera de carnaúba venha se mantendo em
processo de decadência desde a década de 80, acentuando-se a partir de 1995,
justamente quando o produto alcançou maiores preços, a atividade oriunda da
extração da carnaúba ainda continua tendo relevante importância social para a
economia dos estados produtores, gerando a ocupação, em toda cadeia produtiva
para mais de 60.000 famílias de baixa renda.
Não
obstante, permanece delicada a situação da cadeia produtiva da carnaúba, quando
são identificadas inúmeras limitações de oportunidades para o seu
desenvolvimento, dentre elas, destacam-se a necessidade de fixar áreas de
reservas para evitar que os carnaubais sejam dizimados, sobretudo nas regiões
dos vales onde há maior concentração da planta; tornar ativa a política de
capacitação do produtor rural e; intensificar o movimento de integração entre
os elos da cadeia produtiva.
A
atividade de colheita - via corte da safra de carnaúba de 2014 começa a partir
deste mês e vai se estender até dezembro. Não são animadoras as perspectivas do
setor quanto ao volume de produção para esta safra. Essa desconfiança é por
conta das sucessivas secas verificadas nos principais estados produtores do
Nordeste. A produção desta safra deverá ser 30% menor que a do ano de 2013 -
esta também teve perdas significativas. Além disso, o setor está encontrando
dificuldades para encontrar mão de obra disponível para o corte da palha e
demais atividades. O preço da mão de obra está excessivamente alto, onerando
cada vez mais o custo de produção da cera de carnaúba.
A cadeia
produtiva da carnaúba, sobretudo a do estado do Rio Grande do Norte, precisa se
organizar para poder acessar os instrumentos oficiais de apoio à produção,
custeio e comercialização dos produtos derivados da carnaúba.
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