Melhorias na infraestrutura, competitividade e sustentabilidade são
desafios para o crescimento da produção agropecuária brasileira. No entanto,
todo esse processo começa pela inclusão econômica e tecnológica dos produtores
rurais do Brasil, principalmente dos pequenos. Foi a avaliação feita por Alan
Bojanic, representante no Brasil da Organização das Nações Unidas para a
Agricultura e Alimentação (FAO). “Temos produtores de alta qualificação, mas
também há muitos que não estão em um patamar de aplicar o conhecimento que o
Brasil já tem desenvolvido. Não é só a questão da tecnologia”, disse.
Bojanic defendeu que o processo de inclusão passa por uma valorização
da agricultura familiar, para que esse modo de produção se torna atrativo
para investimentos. Ele avaliou que, dentro do aspecto econômico, a inclusão do
pequeno produtor passa por discutir o gerenciamento da atividade produtiva e
questões como a sucessão nas propriedades.
O representante da FAO no Brasil participou de um seminário promovido
pela FGV Projetos, ligada à Fundação Getúlio Vargas, que analisou as projeções
da própria FAO e da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) O relatório fala das expectativas para o setor até o ano de 2024. E
reiterou sua expectativa de que o Brasil tem potencial para superar os
Estados Unidos e se tornar o maior exportador global de produtos agrícolas em
um horizonte de uma década.
De um modo geral, Alan Bojanic se disse otimista em relação ao Brasil.
Na avaliação dele, o país é o que reúne as melhores condições para se tornar um
líder global no setor de alimentos. “Temos que trabalhar dentro da perspectiva
de produzir mais do que consome e atender os mercados”, afirmou. “O Brasil pode
superar seus concorrentes, mas isso não deve ser um slogan político, tem que
ser sério”, disse.
A presidente da Federal Solidarity Organization e ex-diretora da Divisão
de Commodities da FAO, Paola Fortucci, destacou que o Brasil deve aumentar a
sua produção com base em maior produtividade, conversão de áreas de pastagem em
lavoura e intensificação da pecuária. Ela destacou que o Brasil tem sido
visto como um exemplo de redução da pobreza, mas destacou que ainda há muito a
ser feito. “O desafio é alinhar e conciliar a elevação da competitividade
com o alívio da pobreza. Ainda há uma grande taxa de pobreza na zona rural”,
afirmou.
Ainda durante o evento, o representante da Organização de Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), Jonathan Brooks, reforçou a perspectiva
positiva para o Brasil, manifestada no relatório de projeções para a
agropecuária. Segundo ele, entre os fatores, estão o fortalecimento do
dólar em relação ao real, crescimento da demanda e das importações,
especialmente na África e na Ásia.
Artigo publicado
pelo Globo Rural
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