sexta-feira, 10 de abril de 2015

Instituições cientistas vão pesquisar as abelhas

Grandes empresas de tecnologia agrícola se associaram a um grupo de pesquisadores para pesquisar a saúde das colmeias do Brasil. O grupo criou a Associação Brasileira de Estudo de Abelhas, cuja sigla é Abelha.

'A instituição nasceu da necessidade de diálogo entre as pessoas envolvidas com o tema das abelhas', diz Ana Lúcia Assad, diretora da entidade. Ana Lúcia é irmã de Eduardo Assad, da Embrapa, um dos maiores pesquisadores de clima do país. Ela assumiu a Abelha, que nasceu a partir de uma iniciativa da empresa Syngenta, fabricante de sementes, fertilizantes e defensivos.

Depois, entraram as empresas Bayer e Basf. Juntas, elas procuraram alguns pesquisadores ligados ao assunto e fundaram a Abelha. Agora, a associação está montando um conselho de pesquisadores. 'Já temos 15 integrantes', diz Ana Lúcia.

Segundo Ana Lúcia, o objetivo da Abelha é promover e disseminar o conhecimento científico sobre a ecologia das abelhas e sobre a apicultura. 'A estratégia é criar uma rede colaborativa. Nossa proposta é olhar toda a cadeia de produção, da polinização até os produtos das abelhas', diz. A Abelha lança hoje um livro com compilações de estudos sobre o papel polinizador dos insetos fazedores de mel. O livro sai em versão digital no site da Abelha. Ana Lúcia diz que a Abelha está preparando um edital para financiar pesquisas na área.

Um dos mistérios em relação às abelhas são as ameaças ambientais que elas enfrentam. Há alguns anos, cientistas vem relatando casos e números apavorantes de desaparecimento e mortalidade de abelhas nos Estados Unidos e na Europa, com alguns casos no Brasil. Esse fenômeno, chamado de síndrome de colapso das colmeias (CCD na sigla em inglês) é um mistério para a ciência, diz entomologista Décio Gazzoni, da Embrapa Soja, e um dos conselheiros da Abelha. 

Ana Lúcia diz que o interesse das empresas fundadoras e financiadoras da Abelha não terá interferência no resultado das pesquisas científicas feitas ou divulgadas pela associação. 'Se as pesquisas indicarem alguma relação entre produtos químicos e mortalidade de abelhas, eles serão divulgados. Os resultados sempre serão publicados', afirma. 'Os estudos apontam uma sinergia de fatores que afetam as abelhas, como clima e destruição de habitats. Mas não haverá nenhum tipo de controle ou interesse comercial. Estamos aqui para divulgar informações científicas', diz Ana Lúcia.

A saúde das abelhas não importa apenas para quem consome mel, própolis ou geleia real. É fundamental para a agricultura. Sem o serviço de polinização das abelhas, teríamos dificuldade para manter a produção de alimentos e preservar as florestas. Entre 70% e 75% das culturas agrícolas dependem em algum grau da polinização por animais.

Abelha é o grupo mais importante desses polinizadores. Frutas como maracujá, abacate, amora, mamão, laranja, maçã, pêssego e pera dependem muito das abelhas. Em alguns casos, como maracujá, sem polinização das abelhas, não há produção alguma. Em outros casos, como dos morangos, se não houver abelha para polinizar o cultivo, o fruto fica deformado e sem valor comercial.
Fonte: Portal Época | Blog do Planeta


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