Grandes empresas de tecnologia
agrícola se associaram a um grupo de pesquisadores para pesquisar a saúde das colmeias
do Brasil. O grupo criou a Associação Brasileira de Estudo de Abelhas, cuja
sigla é Abelha.
'A instituição nasceu da necessidade
de diálogo entre as pessoas envolvidas com o tema das abelhas', diz Ana Lúcia
Assad, diretora da entidade. Ana Lúcia é irmã de Eduardo Assad, da Embrapa, um
dos maiores pesquisadores de clima do país. Ela assumiu a Abelha, que nasceu a
partir de uma iniciativa da empresa Syngenta, fabricante de sementes,
fertilizantes e defensivos.
Depois, entraram as empresas Bayer e
Basf. Juntas, elas procuraram alguns pesquisadores ligados ao assunto e
fundaram a Abelha. Agora, a associação está montando um conselho de
pesquisadores. 'Já temos 15 integrantes', diz Ana Lúcia.
Segundo Ana Lúcia, o objetivo da
Abelha é promover e disseminar o conhecimento científico sobre a ecologia das
abelhas e sobre a apicultura. 'A estratégia é criar uma rede colaborativa.
Nossa proposta é olhar toda a cadeia de produção, da polinização até os
produtos das abelhas', diz. A Abelha lança hoje um livro com compilações de
estudos sobre o papel polinizador dos insetos fazedores de mel. O livro sai em
versão digital no site da Abelha. Ana Lúcia diz que a Abelha está preparando um
edital para financiar pesquisas na área.
Um dos mistérios em relação às abelhas
são as ameaças ambientais que elas enfrentam. Há alguns anos, cientistas vem relatando
casos e números apavorantes de desaparecimento e mortalidade de abelhas nos
Estados Unidos e na Europa, com alguns casos no Brasil. Esse fenômeno, chamado
de síndrome de colapso das colmeias (CCD na sigla em inglês) é um mistério para
a ciência, diz entomologista Décio Gazzoni, da Embrapa Soja, e um dos
conselheiros da Abelha.
Ana Lúcia diz que o interesse das
empresas fundadoras e financiadoras da Abelha não terá interferência no
resultado das pesquisas científicas feitas ou divulgadas pela associação. 'Se
as pesquisas indicarem alguma relação entre produtos químicos e mortalidade de
abelhas, eles serão divulgados. Os resultados sempre serão publicados', afirma.
'Os estudos apontam uma sinergia de fatores que afetam as abelhas, como clima e
destruição de habitats. Mas não haverá nenhum tipo de controle ou interesse
comercial. Estamos aqui para divulgar informações científicas', diz Ana Lúcia.
A saúde das abelhas não importa apenas
para quem consome mel, própolis ou geleia real. É fundamental para a
agricultura. Sem o serviço de polinização das abelhas, teríamos dificuldade
para manter a produção de alimentos e preservar as florestas. Entre 70% e 75%
das culturas agrícolas dependem em algum grau da polinização por animais.
Abelha é o grupo mais importante
desses polinizadores. Frutas como maracujá, abacate, amora, mamão, laranja,
maçã, pêssego e pera dependem muito das abelhas. Em alguns casos, como
maracujá, sem polinização das abelhas, não há produção alguma. Em outros casos,
como dos morangos, se não houver abelha para polinizar o cultivo, o fruto fica
deformado e sem valor comercial.
Fonte: Portal Época | Blog do Planeta
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