quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Deficiência hídrica é o que mais castiga o semiárido

A maior parte dos Estados da Região Nordeste conta com sistema climático com características de semiárido, cujo regime de chuvas é marcado pela escassez, irregularidade, concentração e má distribuição das precipitações pluviométricas anuais. Esses fenômenos são responsáveis pelas secas periódicas que castigam o Nordeste, causando prejuízos de monta, especialmente para as atividades econômicas desenvolvidas no meio rural. O impacto dessas secas é complexo e diferenciado, não só refletindo, negativamente, na infraestrutura física dos diversos estados afetados, mas também com prejuízos para o contingente populacional, prejudicando todos os elos das cadeias produtivas trabalhadas pelos diferentes segmentos da sociedade.

Nesse contexto, a agropecuária é fortemente atingida, reduzindo drasticamente os níveis da produção agrícola, com reflexos, também, na redução da produção pecuária, além da diminuição dos efetivos animais, limitando, assim, as possibilidades de renda e de sobrevivência das unidades de produção, deixando evidente que as secas, portanto, afetam a economia, a sociedade e o meio ambiente da Região Nordeste.

As chuvas ocorridas nos estados nordestinos durante o período de 2012 a 2014 foram consideradas, predominantemente, de baixíssimos volumes, com precipitações pluviométricas irregulares, que ficou claramente cristalizado um quadro de seca mais severa dos últimos 50 anos, com sérias consequências negativas para às atividades rurais desenvolvidas no Nordeste, sobretudo àqueles estados que têm na agricultura de sequeiro e na pecuária, as principais fontes de geração de renda e de ocupação da mão de obra rural e até de subsistência. Essas sucessivas secas vêm causando inúmeras consequências negativas para uma atividade vulnerável (agricultura) quando exercida no semiárido, sobretudo para a parcela mais pobre da população rural que desenvolve a agricultura e criação de animais, refletindo no comprometimento do processo de desenvolvimento social e econômico da Região Nordeste. Por causa da seca, as perdas que atingiram os diversos segmentos agrícolas vêm se acumulando. Foram registradas prejuízos nas atividades de produção dos seguintes setores: fruticultura, inclusive a irrigada; grãos de sequeiros; cana-de-açúcar; fibras (sisal e algodão); mandioca; pecuária, com destaque para o leite e carnes; cajucultura; apicultura; hortícolas; carnaúba (pó cerífero e cera); pastos; e tantos outros produtos agrícolas.

Para exemplificar, a série histórica de exportação de amêndoa de castanha-de-caju realizada pela Região Nordeste – de 2003 a 2013, mostra que os anos de 2011 a 2013, por causa das estiagens, foram os mais prejudicados em termos de exportação.

Exportação de amêndoas - Nordeste
ANO
Quant.
Valor
(t)
US$1000FOB
2003
41.571
143.770
2004
47.442
186.383
2005
41.857
187.133
2006
43.231
187.538
2007
51.556
225.195
2008
35.410
196.061
2009
47.760
231.681
2010
42.175
229.572
2011
26.302
226.658
2012
25.334
185.691
2013
20.964
134.169
              Fonte: Secex

A tendência é de redução das vendas externas de amêndoas de castanha-de-caju em 2014, ano também fortemente atingido pela seca.


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