A cana-de-açúcar já foi o ouro branco da
economia pernambucana e um dos principais produtos do País. Os tempos mudaram e
ela perdeu sua importância na fatia de exportações e dava sinais de
encolhimento nos últimos anos, com o fechamento de algumas usinas. No entanto,
os ventos voltaram a soprar a favor do setor sucroalcooleiro. O aumento da
demanda por etanol – provocado pela subida do preço da gasolina – e a
reativação de três usinas movimentaram esse mercado. Outra novidade é o
surgimento das primeiras cooperativas de produtores no Estado. Um panorama que
de um lado sinaliza a retomada de crescimento, mesmo em meio à crise, mas por
outro convive com uma ameaça natural: a seca.
As vendas de etanol no País subiram em 42,5%
nos 10 primeiros meses do ano. Em Pernambuco, o salto no consumo foi ainda
maior, 86,4%. Esses dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP) revelaram o maior consumo do combustível desde 2010. O
preço da tonelada de açúcar também cresceu no ano. Em outubro chegou a R$
82,85, com estimativa de ter chegado a R$ 90,20 em novembro, segundo a
Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco. No mesmo período de 2014 o
valor variava entre R$ 61 e R$ 62.
Foram esses números de consumo e preço que
semearam as esperanças do setor sucroalcooleiro no Estado. Após uma década de
redução do número de players – com o fechamento médio de uma usina por ano – o
segmento produtivo mais tradicional do Estado comemorou em 2015 a reabertura de
três usinas: Cruangi, a Pumaty e a Pedroza. As duas primeiras sendo
administradas por um serviço de cooperativismo. Um modelo novo em Pernambuco,
mas que já era praticado há nove anos no Rio de Janeiro.
“Esse é um movimento construtivo, que agrega
valor à atividade da indústria da cana-de-açúcar em Pernambuco e que se une aos
demais modelos de sociedades anônimas existentes, beneficiando a renda de
vários municípios, movimentando o mercado interno e contribuindo para as
exportações”, afirma Renato Cunha, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar
e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE).
Além do momento do mercado favorável, a
organização das cooperativas foi impulsionada por uma redução tributária por
parte do Governo do Estado. Para estimular os produtores, foi instituído por
lei o crédito presumido no ICMS de 6,5% sobre a produção de etanol nas usinas
que trabalham nessa modalidade. Ao todo, essas cooperativas de agricultores
terão um crédito total de 18,5% no ICMS estadual, visto que o Estado já
disponilizara anteriormente uma redução de 12% do ICMS para todos as usinas em
funcionamento.
De acordo com presidente da Associação dos
Fornecedores de Cana-de-Açúcar de Pernambuco e da Cooperativa dos Fornecedores
de Cana de Pernambuco, Alexandre Andrade Lima, 600 cooperados reativaram a
Cruangi. A usina, que funciona em Timbaúba, na Zona da Mata Norte, deverá gerar
quatro mil empregos diretos na região. O insumo para processamento da Cruangi é
cultivado nos municípios de Nazaré da Mata, Aliança, Condado, Itambé,
Ferreiros, Tracunhaém, Vicência e Macaparana. Os investimentos para reativação
da usina foram em torno de R$ 2,7 milhões.
“Recomeçamos agora a produção na Cruangi.
Estamos num período de investimento. O primeiro ano é muito dificil, sendo
agravado pela escassez de chuvas. Tivemos sorte com o momento do preço, que nos
últimos 5 anos era muito ruim. Estamos qualificando o parque industrial para
moer mais matéria-prima nas próximas safras e também iniciamos o plantio em
algumas novas áreas”, diz Alexandre Andrade. Para 2015, a usina deverá processar
400 mil toneladas de cana, tendo a capacidade de gerar no futuro uma produção
de 1,5 milhão para açúcar e etanol.
Rogério Ferreira - Assessoria ASPLAN/RN
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